Nelson é um daqueles autores cuja obra é atemporal, apesar
do específico no olhar para seus temas.
Talvez, seja uma boa hora para trazê-lo para as salas de
aula e rever seu desenho do nosso comportamento moral. Tenho percebido cada vez
mais claro, um estreitamento carregado de valores arcaicos nos conceitos dos
jovens. Uma dualidade muito semelhante a que dominava o universo descrito por Nelson,
tem feito, de uma triste maneira, parte da percepção e atitude da sociedade de
hoje.
É verdade que o movimento, às vezes mais dilatado, às vezes
mais recolhido, dos códigos morais, é cíclico, agregando um ou outro dado da contemporeanidade,
mas não é por isso que a reprodução, ou pior, o arremedo mal feito, de valores
ultrapassados devem seguir livres de críticas e aprofundamentos.
É verdade, também, que estamos vivendo um momento de passagem,
de transição, onde o que conhecíamos como certo, como o caminho para relações
sociais mais justas e igualitárias, se desmancha sob nossos olhos e os rumos
seguidos não conseguem suprir o equilíbrio necessário, sem haver, ao menos por enquanto,
qualquer utopia que o substitua.
O estremecer dos conceitos
que vinham de um mundo polarizado e que tornava “fácil” o posicionamento
social e econômico ,se reflete na prática das relações pessoais e nos contornos
que damos ao exercício da cidadania.
Apresentar, ou reintroduzir, Nelson Rodriguez no debate, fazendo-o
meio para o entendimento dos costumes de uma sociedade que prima pela
hipocrisia moral, certamente abrirá o horizonte para o reconhecimento das consequências
de tais práticas e suas verdadeiras origens.
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