domingo, 7 de outubro de 2012

VENTOS RODRIGUIANOS



Nelson é um daqueles autores cuja obra é atemporal, apesar do específico no olhar para seus temas.
Talvez, seja uma boa hora para trazê-lo para as salas de aula e rever seu desenho do nosso comportamento moral. Tenho percebido cada vez mais claro, um estreitamento carregado de valores arcaicos nos conceitos dos jovens. Uma dualidade muito semelhante a que dominava o universo descrito por Nelson, tem feito, de uma triste maneira, parte da percepção e atitude da sociedade de hoje.
É verdade que o movimento, às vezes mais dilatado, às vezes mais recolhido, dos códigos morais, é cíclico, agregando um ou outro dado da contemporeanidade, mas não é por isso que a reprodução, ou pior, o arremedo mal feito, de valores ultrapassados devem seguir livres de críticas e aprofundamentos.
É verdade, também, que estamos vivendo um momento de passagem, de transição, onde o que conhecíamos como certo, como o caminho para relações sociais mais justas e igualitárias, se desmancha sob nossos olhos e os rumos seguidos não conseguem suprir o equilíbrio necessário, sem haver, ao menos por enquanto, qualquer utopia que o substitua.
O estremecer dos conceitos  que vinham de um mundo polarizado e que tornava “fácil” o posicionamento social e econômico ,se reflete na prática das relações pessoais e nos contornos que damos ao exercício da cidadania.
Apresentar, ou reintroduzir, Nelson Rodriguez no debate, fazendo-o meio para o entendimento dos costumes de uma sociedade que prima pela hipocrisia moral, certamente abrirá o horizonte para o reconhecimento das consequências de tais práticas e suas verdadeiras origens.

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